CINEMA


Se você está pensando em ir a Londres no próximo verão eu te juro que há por lá uma programação imperdível ao ar livre ! Ao contrário do que diz aquela galera desmancha prazeres: Londres é sempre o máximo e estar por lá no verão é uma benção também ! lonO que vocês acham deste cenário ? pois este pode ser o lugar para assistir  lindos clássicos do cinema ao ar livre , sacou ?

Chiswick House – palacete em estilo do século XVIII abriga uma linda paisagem e recebe este evento pra lá de aprazível . Filmes memoráveis, no meio de jardins , esculturas e ao lado de gente interessante que está curtindo horrores a visita !! quer mais ?

Ano que vem espero tudo mundo lá !

chiswick_house_grand_allee_xl

 

gatsby prada 2gatsbygreta GatsbySó se esperava , falava e se lia sobre o filme … o figurino da Prada, as joias Tiffany , a exposição vitrine da Prada ( de novo ), os editoriais especialmente os da Vogue … Mas o filme chegou e muita gente não gostou ….

Particularmente belo , especificamente exagerado o filme é uma piração total na década da piração generalizada. A década de 1920 – Os Anos loucos – são tempos de experimentação . Esta palavra resume o que nem toda loucura junta consegue dar conta! Novas fortunas erguidas de forma lícita ou não , novos negócios escusos ou não , dinheiro velho e tradição (leia-se Europa) e o dinheiro novo e a secularização ( leia-se EUA) e um desejo doido de viver o tão esperado século XX fazem deste momento uma ode desesperada ao” tenho que fazer tudo agora mesmo” . Correr riscos  trás belas possibilidades . Arriscar é viver afinal de contas mas , contudo , a ressaca é uma consequência quase inevitável. As artes floresceram neste momento de experiências tão diferentes , quanto intensas – Fitzgerald estava lá retratando como ninguém a festa que era viver na Era do Jazz. Mas , este é o ponto que me gera um certo incômodo com relação a película – não sei se me sinto num clima Fitzgerald no filme . AMO a interpretação de Leonardo Di Caprio e gosto da mocinha com cara de imbecil também, fora isso a cenografia e o figurino de dar nervoso de tão perfeitos valem a visita a sala de exibição – some-se o som interessantíssimo e as tomadas de tecnologia absurdamente plásticas como artificiais.

E o artifício talvez seja o maior mérito desta versão do Great Gatsby – tudo neste filme é fake! Não somente os personagens como a felicidade e a abundância da década que duram pouco, quase nada.

Silhuetas – O feminino da de década de 1920 me intriga – atraí uma montanha de gente por sua beleza representada no entanto por roupas de festa, baile ou por qualquer outra palavra que atribui ao período uma imagem de permanente evento , acontecimento . Como mencionei acima não é à toa mas, as roupas do dia a dia, não eram bordadas e nem se pareciam com as fantasias de Melindrosa vendidas na casa Turuna. Todavia, a  silhueta feminina era de fato um enigma . Depois de anos de curvas radicais representadas e aumentadas por espartilhos e armações de quadril a figura feminina aparece reta , mais curta e com braços mais expostos . Uma revolução breve de costumes , uma ruptura com o passado romântico que finalmente encaixam a mulher no aclamado século XX. Uma experiência de vanguarda como cabia ao momento!

No masculino :

the-great-gatsby-luxury-lifestyle-photography-leonardo-dicaprioThe Great Leo!

Paperman-6Um super brinde ao romantismo e ao destino … caminhos cruzados na simplicidade de aviões de papel ….Oscar de melhor animação merecidamente emociona a platéia e, por sorte minha, assisti na telona ! Como tenho um legítimo Paper Man em casa acredito que nossos corações tenham se encontrado mais ou menos da mesma maneira ! LOVE

Pois então : sou uma pessoa que acha mesmo que é implicante . Implicante deve ser o nome que se dá as pessoas que não gostam de quase nada que todo mundo gosta e que a maioria acha legal de montão. Sendo assim raramente gosto de alguma das atrizes que fazem sucesso hoje em dia . E como a minha opinião é irrelevante para alterar a sua e ainda não faz a menor diferença para a indústria cinematográfica não vejo problema algum em expressá-la aqui ! Anna Karenina é uma das histórias que mais amei ler em minha vida . Acho longa e intensa , tanto quanto conturbada e apaixonante. Muitas versões no cinema fazem parte de minha , digamos , coleção de Annas. Mas I´m really sorry but I don´t like Mrs Keira Knightley. O fato da moça ser inglesa me atrái posto que adoro o Reino Unido e tenho a tendência de acreditar que os atores europeus são melhores do que a maioria dos americanos. Mas, tirando a nacionalidade, a atriz não me convence em sua magreza exagerada , e seus ares dramáticos de escola cara . O filme é belo a, direção de arte  linda e cuidada e os figurinos com uma opção bastante mesclada – época e ícones fashion – muito interessante e valeram um Oscar a produção. Mas prometam dar uma olhada no filme do mesmo título de 1997 – a protagonista é a linda Sophie Marceau – e os figurinos …UAU ! Um estrondo . A critica diz que o filme é fraco . Eu já o vi há tempos mas recordo que no período me causou boa impressão….

Dêem uma olhada nos meus arquivos Anna Karenina e …em algumas fotinhos da expo de figurinos desta versão em cartaz ( surpresa !) em Londres.ana gretaAh? é isso mesmo gente ! Todo mistério e silêncio do mundo na Anna Karenina de Greta Garbo.

ana vivian LeighVivian Leigh também foi Anna – beleza estonteante e representação da época dos grades estúdios.

Ana1985 Jaqueline BissetEm 1985 Jacqueline Bisset deu vida ao personagem em uma atuação comentada como  surpreendente pela crítica. A Anna da atriz era triste e amargurada .

A PERFEITA:

anna-karenina-sophie-marceau-photoComo se tivesse saido das páginas dos livros – Sophie Marceau na película de 1997.

MSDANKA EC008Figurino de época super bem cuidado com belíssimas cenas de bailes.

E a exposição prometida em imagens tímidas : alguns spots do figurino da versão oscarizada !

Anna-Karenina-2012-Joe-Wright-Keira-Knightley-Ham-House-FigurinosReparem nas sapatilhas – marca sonho de consumo de muitas bailarinas .

Anna Karenina fotoO vestido preto e o amante de Anna em cena !

ana k2E o tipo de crinolina ( armação artificial de quadril ) utilizada em algumas peças no filme.

Ahhh demorei a escrever sobre Tintin – a versão de Spilberg para o cinema do clássico da HQ européia. Tintin de Hergé foi lido por um monte de gente e idolatrado por outros tantos e ainda marretado por alguns que enxergam em Hergé traços politicamente incorretíssimos. A despeito disso e de outras coisas sempre gostei muito das aventuras pouco plausíveis do garoto – menos plausíveis ainda quando lembramos e ele é um jornalista mas, de toda maneira, ele é coleguinha do Clark Kent e do Homem Aranha que além de subir em paredes também paga as contas dando duro no fotojornalismo!

De idade completamente incerta , com trajes que hoje beiram o ridículo Tintin é um herói da inteligência, do desvendar de mistérios, do lado bom da força antes que George Lucas e o mesmo Spilberg tivessem inventado essa coisa toda!!!

Viajante e nômade suas aventuras vão passeando por terras e culturas diferentes – a visão etnocentrica bate forte muita vezes e em outros momentos é suavizada.

Porém, apesar dos pesares  ( amo as histórias )  o melhor de tudo são os personagens que povoam o mundo Tintin – no filme estão presentes dois dos meus favoritos Haddock e a Magnífica Castafiori!!!! Os irmãos Dupond e Dupond nunca fizeram minha cabeça mas o Professor Girassol – que estará presente no próximo filme é uma paixão.Todos os personagens são superlativos e esteriotipados – muito burros, atrapalhados, maus , surdos enfim definidos ao estremo mas por isso mesmo divertidos ! No filme aliás, o mascote Milu – cãozinho de estimação de Tintin ganha ares de impotância que não me lembro ser igual a dos livros ….

Apesar dos estranhíssimos efeitos especiais que computadorizam os movimentos dos atores e ao mesmo tempo os transformam numa espécie de escultura virtual dos personagens dos quadrinhos , vale a pena assistir e entender , como eu , que você é afinal um ser da era digital que provavelmente tem um I Phone , I Pad, I qualquer coisa  enão vai botar defeito logo no revival do Tintin !

O tom da narrativa encontrada por Spilberg é o mesmo de Indiana Jones – música e orquestarção monumentais para fugas, corridas e perseguisões! É diferente mas gostei e …

 

Vocês se lembram do Billy Eliot ???o garoto que queria ser bailarino ???

Pois agora ele é TINTIN o repórter destemido do topete loiro!

 

No cinema Tintin apareceu em duas animações e num filme da década de 70 com uma caracterização de personagens espantosa para a jurássica época pré efeitos estranho – especiais !!!

Muitas foram as aventuras :Eu recomendo : os lovros do filme – O segredo do Licorne e a sua continuação que em breve chegará as telas O tesouro de Hakaan O Terrível; O templo do sol,  Os charrutos do farraó , O loto Azul, As jóias da Castafiori.

Um P.S. é bom ficar ligado nas sequências – muitos livros tem continuação e também existe uma ordem nas histórias  – O capitão Haddcok por exemplo aparece no Secredo do Licorne e passa a ser figurinha fácil em outras aventuras.

 

Outro P.S. Spilberg que é um cara sentimental homenageia Hegé logo no comecinho do filme – o ilustrador de rua que está retratando Tintin é na verdade seu criador !!!!!

 

O filme O Corvo entra no hall das películas de supense policial . Ambientado no século XIX , ainda  sob a auréola do Romantismo a história na verdade é uma ficção sobre a vida , ou melhor , os últimos dias de vida, de Edgar Allan Poe. Poe foi é sempre será um dos maiores escritores da face da terra. Dono de uma verve emblemática da época em que vivia , transformava a angústia dos novos tempos da cidade , da industrialização e das multidões, que faziam o homem se perder de si mesmo, em temíveis fantasmas. O universo de Poe é macabro e sombrio talvez como o lado mais escuro que nos assombre quase que diariamente….o medo de nossos próprios atos é o grande vampiro que suga as forças de quem tenta resistir com uma boa imagem, aparência. Pois bem , O Corvo mostra o escritor falido tentando sobreviver em busca de mais uma publicação inebriado pela bebida e por um amor de difícil aceitação. Anabell Lee sua jovem e frágil esposa de 14 anos – como cabia aos casamentos no século XIX-  é mostrada como uma jovem mais vigorosa que o ama e que tenta vencer a resistência familiar ao enlace do casal. Tanto quanto na sua vida real o filme mostra Poe em meio a desacertos mas também dono de  uma inteligência privilegiada que o torna capaz de desvendar crimes… e por aí vai a história que não faz do filme um dos melhores mas não o deixa cair na sarjeta. Este lugar nobilíssimo em se tratanto do século XIX só é digno de homens como Edgar Allan Poe !

Os figurinos do filme são bastante corretos e espelham um masculino discreto e sóbrio bem ao gosto da nova imagem que colocava o homem em um lugar de seriedade – uma oposição clara aos hábitos , agora criticados , do Antigo Regime aonde bordados , plumas e brilhos compunham a aparência do cortesão, do súdito da monarquia. No feminino pouco aparece mas a cena do baile de máscaras parece eficaz em termos de retratação sem exagero do romantismo com seus espartilhos , volumes e penteados com cachos lateriais.

John Cussack se sai bem na pele do gênio do horror – não é uma interpretação brilhante mas acredito que este seja um problema meu . Minha paixão pelo escritor e por seus personagens que saem de si e acordam no abismo do nada não me deixam alternativa a não ser dizer que é muito difícil ser Edgar Allan Poe em qualquer circunstância!Sem dúvida meu favorito : o cartaz em espanhol !

O Gênio do horror ! Leitura obrigatória para quem gosta do gênero – fortemente influenciado pelos contos góticos e para quem deseja entender os fantasmas do século XIX e da transformação da economia , do tempo e da vida.

Sei que o Carlos Saldanha fez e faz história como um brasileiro no mundo da animação americana. O cara é super e leva nossos bichos perdidos na cadeia evolutiva para as telonas coloridas – SID da Era do gelo é sem dúvida meu favorito seguido pelos gambás brincalhões !!

Em Rio apesar do ambiente nacional , pouco me sinto em casa . Vejo mais um Saludo Amigos – do Walt Disney com Zé Carioca  – do que outra coisa .

Mas é tudo legal – valeu a pena e o sucesso mostra como o cara é bacana, não somente em estampar o Brasil por aí o,  mas em vencer questões técnicas com criatividade ímpar!

No Oscar ,no entanto, Saldanha estava representado por outro Carlos . O Brown! Rei do som da Bahia ? Rei do som do mundo . Vou falar uma só vez : ele pode ser exagerado , cansativo e tem gente que acha mala … mas manda muito bem ! É um super músico! cada vez que escuto um de seus arranjos fico convencida que deus é brasileiro , entende de música e usa meia dúzia de guias colorias no peito!

Salve o estilo Carlos Brown que não levou o Oscar junto de Sérgio Mendes mas arrejou a cafonice com sua irreverência ? bem sei lá o que é aquilo …. mas é bom !P.S. Figurino de gala by Alexandre HERCHCOVITCH!

É sem dúvida mais legal do que assistir uma comédia americana – a maioria infelizmente é de péssima qualidade. Mas apesar da narrativa européia, dos cenários e figurinos acertados o filme tem palhaçadas demais. Um argumento sempre passível de gerar boas histórias dá início a trama que sugere os rolos que as mulheres fazem dificultando o que é fácil – ser feliz e pronto. Emmanuel Mouret dirige e estrela a comédia que é quase que uma homenagem ao repertório de humor da década de 1960. As confusões amorosas são curiosas e despertam o interesse da platéia na história , mas  as trapalhadas cômicas – dedos presos em obras de arte, carteiras que caem em vasos sanitários etc … muitas vezes são exageradamente já vistas e atrapalham as situações inusitadas que por si mesmas já trariam motivos suficientes para boas risadas. De toda maneira , o elenco é afinado e a diversão é garantida mesmo sem muita originalidade.

Um dos bons momentos do filme :Jean-Jacques cercados de ninfetas , curiosas e ligeiramente misteriosas !

Gente que sofre com as emoções … que não consegue contê-las , administrá-las e aí desmaia , fica mudo , sua , treme ou … diz que sim para tudo porque não sabe dizer não! Esse é o enredo do filme EMOTIFS ANONYMEs – traduzido aqui por Românticos Anônimos. Mal ( ou bem ) comparando a vida de qualquer um de nós – anônimos sem precisar de encontros as quartas ou as quintas em nenhuma associação … pois a película fala com graça e delicadeza sobre essas coisas que acontecem na vida da gente . O treme pernas , o suor gelado, as falas erradas na hora do emprego novo , do grande amor da sua vida vindo na sua direção, na demostração de seus talentos , na exposição do que somos ou queremos ser . Tudo o que implica risco gera esse desconforto que para alguns transforma-se em impedimento. Se fosse um filme americano certamente com um linda mocinha loira e com um protagonista chamado Adam ou Ben qualquer coisa seria também um desastre . Uma chatice sem fim , que rodaria com orçamento de milhões de Dólares contaria com uma festa de lançamento cheia de vestidos justos e com toda a sorte de uma cafonice interminável e cansativa. Dois ou três dias depois ninguém,  lembraria de tanta bobagem…

Mas os franceses são mestres : fazem uma comida genial e filmes absolutamente maravilhosos! Tiram do nada uma monte de cenas sensacionais , falas com humor inteligente e, ao mesmo tempo, tudo é  banal exatamente como nossas vidas !

Mas da banalidade do dia a dia nascem cores e amores sem igual – uma delícia comparável aos chocolates que são pano de fundo para a trama ligeira que une dois emotivos em uma saborosa história!

Assistir ao filme O planeta dos macacos – A origem ( título em português) é como chafurdar numa imensidão de explicações que varrem o cinemão ultimamente. Depois do sucesso de George Lucas com sua continuação ao contrário (e isso lá existe ?) da saga de Star Wars – que ele , Lucas – jura ter escrito de prima mas filmado em outra ordem ….vários títulos passam por essa obssessão de explicar o começo que justifica o fim. No caso do Planeta dos macacos – A origem ;essa historinha no entanto,  fica engraçada já que estamos falando de nós mesmos- a humanidade ou de como quase desaparecemos da face da Terra e de como nos tornamos uma espécie secundária na linha de dominação.

As filmagens explicativas , construções determinantes em apontar uma sequência para os acontecimentos são emblemáticas de um período em que apesar da chuva de informações – sabemos cada vez menos sobre nosso futuro. É exaustivo tentar entender de onde viémos e mais cansativo ainda imaginar para onde iremos. O homem que não sabe de si arranja explicações para tudo e no caso do Planeta dos Macacos – A origem até mesmo nosso suposto fracasso como espécie se deve a nossa supremacia. Donos do mundo, reinventamos a nós mesmos distribuíndo inteligência aos animais e matando a fonte encontrada em nossa própria genialidade morimbunda.

Seria mais ou menos esta a nossa história – a morte por excesso, por domínio extremo , por controle absoluto ?

Gosto de pensar nessas coisas mais do que propriamente do filme em que as técnicas utilizadas para recriar os macacos me parecem o mais surpreendente! Os atores são abaixo da crítica de qualquer um – assim os símios que aos poucos se transformam em heróis ganham também destaque na atuação face ao fraquíssimo elemento comparativo ali presente!!!

Próxima Página »