design emocional


É claro que você já viu por aí uns objetos engraçadinhos que até cumprem sua função mas,  são consumidos porque fazem isso de maneira engraçada…

Taí o porco espinho paliteiro que não nos deixa mentir . Tem algo de kitsch – quando a forma se sobrepõe a função porém, pode ser engraçado ou  inusitado … e essa sensação de ver um objeto divertido , não vale a pena ?

Lindas texturas para a produção de acessórios . Guess what ? são cabelos !!!

Prática bastante comum no século XIX  as jóias de cabelo eram elementos de adorno ligados a emoção do vínculo afetivo. Celebravam amizade, amor ou marcavam a saudade de um ente querido. Explicitamente relacionadas a materialidade – pois feitas com cabelo humano – e ao mesmo tempo repletas de significados simbólicos estas peças faziam de uma parte – os cabelos – um elo de ligação com o todo – a pessoa, o indivíduo de que se quizesse lembrar…Na Era Vitoriana estes adornos podiam ser braceletes , broches ou brincos complementados por pedras preciosas , fundos de madrepérola e encaixes de ouro  e possuiam, de fato, o status de joia.

Nos dias de hoje ….A designer Kerry Howley propõe os cabelos como matéria-prima sustentável de peças para serem usadas em grandes eventos . Colares quase de gala que não danificam a natureza, feitos em material abundante e que ainda por cima mantêm a ligação com o usuário – a jóia pode ser feita com o seu próprio cabelo , claro!

Tem gente que me fala … “que mania que esse povo tem de Lego ” ! Mas o fato que que o Lego saiu há muito do campo do brinquedo e transformou-se em ícone de criatividade , ludicidade e de emoções que suscitam a brancadeira de adulto , a memória e passado recente. De montagens incríveis que reconstituem monumentos históricos e pontos turísticos O Lego passou a marcar presença nos mais variados territóriosmisturando significantes e significados , explorando o conhecimento específico e a capacidade de identificação de cada um.

Andrew Lipson , matemático e como gosta de dizer – um nerd profissional – reconstitui obras de Escher com Lego

e a designer de jóias Jacqueline Sanches explora este universo em suas peças

que de quebra questionam o limite da palavra jóia ….Bacana !

É tendência pode contar !

A história da portabilidade , de levar com você , de estar em todo lado , de deslocar-se , de ir aonde o consumidor estiver ufa !  um mundo de definições que apontam para o deslocar-se como um movimento para onde tendem os comportamentos de consumo. Brands pra lá de espertos como a Urban Outfitters já possuem sua loja móvel! A Urban é uma lançadora de idéias – cheia de peças legais – na sua maioria banais – mas com um detalhezinho que faz a diferença – a loja andarilha leva esses toques fashion para cidades pequenas americanas cheias de estudantes e de futuros formadores de opinião ! Além das roupas na Urban a gente encontra uns óculos de cinema, umas toucas de plástico para um banho cheio de humor, uns livros de pin up´s e chapeus engraçados….Loja conceito agora em movimento – literalmente.

Diet , light ou de abrir o apetite ? Carrie Wiston provoca os sentidos com seu anel que delicadamente sugere um sanduíche de alianças sobrepostas . Cute, isn´t it?

Falar de presentes é falar de bricadeiras mas ao mesmo tempo é falar de coisas sérias – seríssimas eu diria . Cada vez mais explorada pela indústria e ainda pela indústria de luxo – os brinquedos para adultos ocupam boa parte do que chamamos de relação emocional com os objetos. Além da diversão , do riso puro ou da ironia que marca alguns destes produtos , outros vão pelo caminho da sedução mais doida e desvairada pela matéria, pelo glamour!


Perceberam do que eu estou falando ? A Swarovski especialista em gadgets de colecionar criou seu Mercedes repleto de cristais e reluz nas prateleiras da Harrod´s ao preço de uma pequena jóia . E por que não seria ? A marca justifica seu objeto falando de anseios de criança e desejos de menina – carros e diamantes parecem se encontrar num céu de sonhos … de consumo!

DIY é uma sigla que significa Do It Yourself . Na contra-mão do consumismo e da reprodução em série e dos bolsos, vazios ou endividados o DIY pelo mundo afora, toma ares de quase movimento e movimenta a blogesfera.A despeito de recuperar em todos nós a capacidade de fazer algo com as próprias mãos o DIY inevitávelmente fala também da necessidade termos algo novo. Mesmo que esse novo seja uma reinvenção de algo já visto .. mas , em todo caso, é melhor que nada!

Existem vários blogs e até mesmo programas de Tv que adotaram esta pauta ou se transformaram em especialistas no assunto. Como pesquiso a customização e seus valores simbólicos e representações sociais na cultura contemporânea tenho visitado vários destes blogues e conversado com algumas meninas que enxergam no DIY vários ângulos :  uma maneira econômica -” é viver sem gastar muito”;  o retorno ao artezanal e principalmente a idéia personalização das roupas ( e de vários objetos ) . O DIY  dá aos seus adptos a sensação de participarem da cadeia produtiva , de serem consumidores mais reflexivos, ponderados e criativos.

Ainda volto a falar do assunto !

Mas antes disto um exemplo bacana de DIY ( ou do “Foi feito por mim”  – slogan da antiga versão da Revista Criativa que explorava exatamente o que hoje é o DIY)

E como o DIY não é só resultado, é importante que se veja e veicule as etapas de construção da idéia que toma corpo na peça finalizado . Afinal as etapas garentem a participação em todo o desenvolvimento do produto


Imagens : fashion.onblog.at

 

 

 

Quando falamos da moda como lógica, sistema e fenômeno é claro que a entendemos para além do limite das roupas e peças do vestuário . Por incrível que pareça ainda tem gente que acha que moda é uma coisa fútil e que por isso não merece atenção . Mas o curioso que que os porta-vozes deste discurso muitas vezes estão imersos na lógica da moda – são identificados por objetos que utilizam e no seu dia -a-dia trocam de aparelhos eletrônicos , consomem novos jogos, gadgets e tudo o mais achando que ilusoriamente isso não tem nada a ver com a moda .

Dá uma olhadinha na matéria aí :

http://www.olhardigital.com.br/embed/12424

Moda é atribuição de sentido ao que consumimos e nos dias de hoje queremos nos ver naquilo que levamos para casa . Pouco consumimos a materialidade mas muito carregamos do que o objeto significa Não basta que enxerguemos isso no produto mas agora, nossa vontade é caracterizar os objetos de nós mesmos – por isso a customização se faz tão presente no discurso contemporâneo.

Nas aulas de semiótica sempre discutimos os elementos de atração . Elementos que uma vez presentes na imagem conseguem atrair o consumidor, leitor. Os elementos de sedução são aqueles que conseguem atrair e momentaneamente romper a barreira da racionalização. Olhamos , nos sentimos atraídos sem , no entanto, sabermos se gostamos , para o que serve , se é bonito aquilo que estamos observando. Com forte relação com o elemento estético – imagens que tem seu maior vínculo com o leitor a partir de componentes ligados a cor , forma e textura  – os elementos de sedução conseguem driblar nossa irremediável tendência de explicar, organizar, encaixar – e durante alguns segundos somos mobilizados exatamente por não conseguirmos dar sentido ao que vemos . Segundos depois estabelecemos novos padrões racionais e completamos as sentenças . Mas esses instantes preciosos já cumpriram com o papel , tão , e cada vez mais raro , de reter nosso olhar !Marcador de livros da Kyovei Co. Ltda. do Japão explicita esta ideia do que nos chama a atenção – fazendo relação com sensações previamente conhecidas  – e que aos poucos vamos construindo a resposta para o que é o objeto , qual sua utilidade , se gostamos dele ou não.

Nas aulas de semiótica discutimos o tempo todo sobre as potencialidades da imagem e sobre as novas possibilidades aprsentadas pela sociedade contemporânea em termos de produção de sentido. Que tipo de referências utilizamos ? quais as citações que fazemos ? que sensações provocamos ? o humor , o non sense, a provocação vinda do mal acabamento ….

São novas maneiras de falar sobre as coisas que fazem com que o interpretante ( receptor , cliente , público-alvo) fique ligado na mensagem exatamente por estar recebendo uma informação, talvez já conhecida mas, de forma pouco ortodoxa!

Dêem uma olhada !

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