História da Moda


Esta é uma daquelas oportunidades que você pode pensar que é coisa de doido mas …. para quem é louco por sapatos e pelo Mestre Salvatore Ferragamo não é bem assim.

Pesquisador , incansável estudioso da anatomia dos pés , tentava ao máximo entender a complexidade dos ossos e dos movimentos para chegar a sapatos confortáveis e … pasmem … fáceis de serem usados .

Em 1938 Ferragamo criou a icônica Raibow Platform ( isso mesmo que você leu :1938) para a não menos célebre Judy Galard. Mulher ousada , de personalidade forte tinha uma sandália que compensava sua pouca altura de forma espetacular !

Hoje você pode se aventurar e : ter um modelo deste !!!!

5059400A venda na Harrod´s !

Montecristo-Magazine-2013-Ferragamo-rainbow_show-816x544Em cores vibrantes – No Museu  Ferragamo em Florença .

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1601221_481780881959399_1005807992882076810_nPois a cada ano que passa minha paixão pela História da Moda aumenta e minha dedicação a essa área se transforma . Cada vez mais tenho mais interesse na história como fonte e como maneira de entender processos culturais e sociais. No entanto me entristece ver como essa disciplina anda sendo ministrada … confundida com toda sorte de decorebas ou sem nenhum aporte de contextualização. Desvalorizada em programas de curso faz com os alunos entendam pouco  e pior,  deixem de se apaixonar.

Uma lástima

Entendam o Barroco como vísceras , o romantismo como um mergulho desvairado em si mesmo , o renascimento como revolução e a moda como o atributo visual destas condições humanas . Não pensem em roupa como reflexo, em moda como algo que vem depois do acontecido …mergulhem na história como no centro de um novelo com fios indo em todas as direções ao mesmo tempo . Nada de ordem prevista , nada de quem veio antes ou depois. Utilizem a cronologia com um útil navegador e abram mão de decorar nomes de peças de roupa como chave de conhecimento. Desconfiem de publicações e de falas que valorizem o primeiro a vestir algo ou a utilizar alguma coisa …. nada disso é importante , nada disso é história …

Palavra de 20 anos dedicados a História e a Moda .

 

selfridgeSelfridge – uma das lojas de departamento mais lindas do mundo : seus primórdios e a história de seu criador . A narrativa se passa no início do século XX sob os ares Eduardianos – este reinado pós Rainha Vitória é o símbolo do encontro que se consolidava : antigas tradições e novas fortunas . Pois Mr Selfridge era um americano que se estabelece em Londres para criar um próspero negócio baseado no prazer . Prazer de comprar ! De olho nas mulheres inglesas com poder aquisitivo elevado Mr Selfridge dirige a loja pensando em unir industrialização, luxo e exclusividade .  As melhores empresas estariam reunidas sob o teto deste palácio do consumo . A fórmula deu certo – a Selfridge entrou para história e representa , além de uma marco na história do varejo, um ponto turístico em Londres . Totalmente ligado na elite consumidora de produtos especiais Mr Selfridge utilizava uma gestão de comunicação e marketing baseada em festas, eventos de lançamento e ainda promovia suspiros com sua identidade visual : embalagens e frascos muito bem apresentados segundo ele eram tão importantes quanto o produto a ser comercializado . Sacou ?

Vale assistir ( você baixa facinho ) – os atores são figurinhas da telinha e da telona e dão conta do recado que é pontuado por típicas situações da vida privada bem ao gosto das séries comerciais . O figurino é bem bacana – o estilo Belle Epoque marca presença de forma eficiente!

RISD-Dandy-Exhibit-1-635RISD-Dandy-Exhibit-2-635Dandis eram especiais . Para mim sempre serão pois ao estudá-los consegui entender o funcionamento dos grupos urbanos e questões importantes relativas a aparência masculina que depois da queda do antigo regime ficou restrita ao discurso da sobriedade , seriedade. A vaidade explícita , o devaneio por cores e formas foi culturalmente associado ao gênero sexual feminino que no domínio do espaço privado deveria cuidar da aparência para enfeitá-lo. Mas os Dandis , no início do século XIX negavam a submissão ao mundo burguês medíocre que caminhava para o P, M, G construindo para si mesmos peças impecáveis , ajustadas e principalmente criadas para um único corpo . Em tempos de reprodução em série e da máxima “tempo é dinheiro” perder ou gastar o tempo, que não era mais propriedade do indivíduo e sim do capital , em delírios da vaidade incomodava muita gente.

A Rhode Island School of Design  montou em maio  a linda exposição:  “Artist/Rebel/Dandy: Men of Fashion investigando a rebeldia inserida no dandismo , no apreço pela moda quando se trata de público masculino . A partir das figuras emblemáticas do movimento Dandi – Oscar Wilde e O Belo Brummel a mostra apresenta a elegância do homem como uma possibilidade de mexer nas fronteiras estabelecidas . O tempo gasto nas roupas era também dedicado as artes e a moda acabava transformando-se em uma interface para exibir personalidades especialíssimas que se recusavam ,não somente em termos de peças do vestuário mas, em termos de pensamento  de serem reduzidos a maioria.

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Os “pais” dos Dandis :

beau-brummel-from-a-miniatureO Belo Brummel

Oscar WildeOscar Wilde

gatsby prada 2gatsbygreta GatsbySó se esperava , falava e se lia sobre o filme … o figurino da Prada, as joias Tiffany , a exposição vitrine da Prada ( de novo ), os editoriais especialmente os da Vogue … Mas o filme chegou e muita gente não gostou ….

Particularmente belo , especificamente exagerado o filme é uma piração total na década da piração generalizada. A década de 1920 – Os Anos loucos – são tempos de experimentação . Esta palavra resume o que nem toda loucura junta consegue dar conta! Novas fortunas erguidas de forma lícita ou não , novos negócios escusos ou não , dinheiro velho e tradição (leia-se Europa) e o dinheiro novo e a secularização ( leia-se EUA) e um desejo doido de viver o tão esperado século XX fazem deste momento uma ode desesperada ao” tenho que fazer tudo agora mesmo” . Correr riscos  trás belas possibilidades . Arriscar é viver afinal de contas mas , contudo , a ressaca é uma consequência quase inevitável. As artes floresceram neste momento de experiências tão diferentes , quanto intensas – Fitzgerald estava lá retratando como ninguém a festa que era viver na Era do Jazz. Mas , este é o ponto que me gera um certo incômodo com relação a película – não sei se me sinto num clima Fitzgerald no filme . AMO a interpretação de Leonardo Di Caprio e gosto da mocinha com cara de imbecil também, fora isso a cenografia e o figurino de dar nervoso de tão perfeitos valem a visita a sala de exibição – some-se o som interessantíssimo e as tomadas de tecnologia absurdamente plásticas como artificiais.

E o artifício talvez seja o maior mérito desta versão do Great Gatsby – tudo neste filme é fake! Não somente os personagens como a felicidade e a abundância da década que duram pouco, quase nada.

Silhuetas – O feminino da de década de 1920 me intriga – atraí uma montanha de gente por sua beleza representada no entanto por roupas de festa, baile ou por qualquer outra palavra que atribui ao período uma imagem de permanente evento , acontecimento . Como mencionei acima não é à toa mas, as roupas do dia a dia, não eram bordadas e nem se pareciam com as fantasias de Melindrosa vendidas na casa Turuna. Todavia, a  silhueta feminina era de fato um enigma . Depois de anos de curvas radicais representadas e aumentadas por espartilhos e armações de quadril a figura feminina aparece reta , mais curta e com braços mais expostos . Uma revolução breve de costumes , uma ruptura com o passado romântico que finalmente encaixam a mulher no aclamado século XX. Uma experiência de vanguarda como cabia ao momento!

No masculino :

the-great-gatsby-luxury-lifestyle-photography-leonardo-dicaprioThe Great Leo!

Nº5 Culture Chanel – Pois o perfume Chanel com este número é o ponto de partida para uma genial exposição no Palais de Tokyo em Paris. Nascido em 1921 o perfume transformou-se em ícone . A exibição tem curadoria do aclamado crítico de arte Jean-Louis Froment e convida o visitante a viajar para a Paris dos famosos anos de 1920 mostrando as raízes de um estilo único a partir de encontros com a literatura e a arte. Uma direção artística sensacional que transforma o evento em um olhar multidisciplinar sobre a moda .Um belíssimo material  entre filmes , fotografias e objetos remonta um universo de amizades – Picasso, Radiguet, Jean Cocteau por exemplo apontando para um finíssima sintonia entre art, moda , história e a construção de um ícone.

 

Chaneln5ExpositionDe 5 de maio à 5 de junho no Palais de Tokyo em Paris.

Pois então : sou uma pessoa que acha mesmo que é implicante . Implicante deve ser o nome que se dá as pessoas que não gostam de quase nada que todo mundo gosta e que a maioria acha legal de montão. Sendo assim raramente gosto de alguma das atrizes que fazem sucesso hoje em dia . E como a minha opinião é irrelevante para alterar a sua e ainda não faz a menor diferença para a indústria cinematográfica não vejo problema algum em expressá-la aqui ! Anna Karenina é uma das histórias que mais amei ler em minha vida . Acho longa e intensa , tanto quanto conturbada e apaixonante. Muitas versões no cinema fazem parte de minha , digamos , coleção de Annas. Mas I´m really sorry but I don´t like Mrs Keira Knightley. O fato da moça ser inglesa me atrái posto que adoro o Reino Unido e tenho a tendência de acreditar que os atores europeus são melhores do que a maioria dos americanos. Mas, tirando a nacionalidade, a atriz não me convence em sua magreza exagerada , e seus ares dramáticos de escola cara . O filme é belo a, direção de arte  linda e cuidada e os figurinos com uma opção bastante mesclada – época e ícones fashion – muito interessante e valeram um Oscar a produção. Mas prometam dar uma olhada no filme do mesmo título de 1997 – a protagonista é a linda Sophie Marceau – e os figurinos …UAU ! Um estrondo . A critica diz que o filme é fraco . Eu já o vi há tempos mas recordo que no período me causou boa impressão….

Dêem uma olhada nos meus arquivos Anna Karenina e …em algumas fotinhos da expo de figurinos desta versão em cartaz ( surpresa !) em Londres.ana gretaAh? é isso mesmo gente ! Todo mistério e silêncio do mundo na Anna Karenina de Greta Garbo.

ana vivian LeighVivian Leigh também foi Anna – beleza estonteante e representação da época dos grades estúdios.

Ana1985 Jaqueline BissetEm 1985 Jacqueline Bisset deu vida ao personagem em uma atuação comentada como  surpreendente pela crítica. A Anna da atriz era triste e amargurada .

A PERFEITA:

anna-karenina-sophie-marceau-photoComo se tivesse saido das páginas dos livros – Sophie Marceau na película de 1997.

MSDANKA EC008Figurino de época super bem cuidado com belíssimas cenas de bailes.

E a exposição prometida em imagens tímidas : alguns spots do figurino da versão oscarizada !

Anna-Karenina-2012-Joe-Wright-Keira-Knightley-Ham-House-FigurinosReparem nas sapatilhas – marca sonho de consumo de muitas bailarinas .

Anna Karenina fotoO vestido preto e o amante de Anna em cena !

ana k2E o tipo de crinolina ( armação artificial de quadril ) utilizada em algumas peças no filme.

Falar em 1960 estando na semana de moda de Londres é até engraçado porque parece que você está num cenário e os personagens começam a sair de todos os lados .Nas passarelas a inspiração meio Swinging London é frequente e por lá ( além das tendências de mercado e do que vemos nas vitrines ) aparentemente o pessoal gosta muito desta época em que a cidade fervilhava com comprimentos minis e Mary Quant disputava com o Enfant Terrible – YSL – quem era o dono desta ousadia . Hoje os tempos são outros e a década de  1960 aparece nas trends views ao lado (ainda) da insana mania 1980 e  dos recentes 1990 que tabém tiveram revival desta década dos Beatles e da Jovem Guarda . Mas que confusão danada ! Estamos falando de 1960 com olhos de 1990 …pois é … a coisa é feia mesmo . A busca frenética de novidades e a simulação constante de algo espantosamente inovador faz estas dobras nas temporalidades . O resultado são shows que exibem muitas formas retas , vestidos de estrutura tubular e pernas à mostra  ao mesmo tempo em que a internet permite compras “in real time” ! E fica a pergunta o que é mesmo tempo real a essa altura dos acontecimentos ????????

mary-quant-photo-by-john-dumont-1966

Dá uma olhadinha no que você já pode comprar para compor este look sem alarde :

 

2965015 (1)From Mrs Beckhan – isso aí modelito da Posh Spice  !

max maraVersão Max Mara da tendência

Quando Alexander McQueem morreu o mundo da moda ficou de luto de verdade . O design inteligente perdia um de seus cérebros. Mas como todo cérebro pensante McQueem imprimiu sua marca e a mesma está presente no desfile da MCQ que seria seu segundo brand . Como aqui  é o caso é de alguém que, de fato, possui assinatura , pouco importa se a marca é a primeira ou a segunda … grafadas estão as digitais deste gênio nos produtos desenvolvidos  mesmo que in memorian … Espero que assim seja por longa data !MCQ_03_426x639YES OF COURSE! Século XIX e Inglaterra nas inspirações . Apaixonado por história e indumentária McQueen sempre trouxe toques do passado em suas coleções sem , no entanto , perder de vista a mulher atual. – A Urbanização advinda com a revolução industrial e os Gentlemans , Dandis ou mesmo os ricos burgueses são o espectro da Londres do do século XIX , some-se a isso a cultura urbana local . That´s it! Dandi Street Syle – mais contemporâneo IMPOSSÍVEL!

MCQ_04_426x639E como o inverno está ainda cheio de brancos – eu já falei disto em outros posts e provavelmente vocês ainda vão ler por aqui mais sobre a White Winter Global Fever :MCQ_07_426x639Notaram que os fofuchos andam de fato aparecendo em várias coleções – pelo , pelinho e pelão estão à todo vapor nas coleções , principalmente na LFW que acompanhei na íntegra !MCQ_09_426x639Tecidos da alfaiataria clássica , mil e uma invenções na modelagem tradicional e  polainas reeditadas nos calçados – quebrando as regras !MCQ_10_426x639Zebrado: um toque de animal print!MCQ_14_426x639Um toque MCQ de animal print!

P.S. OS calçados da coleção já são “must have” da temporada !

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