Semiótica


É claro que você já viu por aí uns objetos engraçadinhos que até cumprem sua função mas,  são consumidos porque fazem isso de maneira engraçada…

Taí o porco espinho paliteiro que não nos deixa mentir . Tem algo de kitsch – quando a forma se sobrepõe a função porém, pode ser engraçado ou  inusitado … e essa sensação de ver um objeto divertido , não vale a pena ?

Tem gente que me fala … “que mania que esse povo tem de Lego ” ! Mas o fato que que o Lego saiu há muito do campo do brinquedo e transformou-se em ícone de criatividade , ludicidade e de emoções que suscitam a brancadeira de adulto , a memória e passado recente. De montagens incríveis que reconstituem monumentos históricos e pontos turísticos O Lego passou a marcar presença nos mais variados territóriosmisturando significantes e significados , explorando o conhecimento específico e a capacidade de identificação de cada um.

Andrew Lipson , matemático e como gosta de dizer – um nerd profissional – reconstitui obras de Escher com Lego

e a designer de jóias Jacqueline Sanches explora este universo em suas peças

que de quebra questionam o limite da palavra jóia ….Bacana !

Porque estudar design é bacana ? porque é que esta formação faz você enteder e produzir sacadas geniais usando o significante e o significado para atribuir novos sentidos através de novos objetos e imagens ? PORQUE DESIGN REALMENTE É DEMAIS. Não importa se você desenvolve um projeto em cv , moda , prouto , midia . Importa é ser um projeto direcionado que transforma o já visto em novidade ! Idéia super bacana como esta do mega Vistor Hertz que usa elementos do design gráfico – a sinalização e os pictogramas -relacionando- os  ao conhecimento específico da audiência e gera novos cartazes para blockbusters que todo mundo ama! e … de quebra gente é um exercício de bom humor também !

DIY é uma sigla que significa Do It Yourself . Na contra-mão do consumismo e da reprodução em série e dos bolsos, vazios ou endividados o DIY pelo mundo afora, toma ares de quase movimento e movimenta a blogesfera.A despeito de recuperar em todos nós a capacidade de fazer algo com as próprias mãos o DIY inevitávelmente fala também da necessidade termos algo novo. Mesmo que esse novo seja uma reinvenção de algo já visto .. mas , em todo caso, é melhor que nada!

Existem vários blogs e até mesmo programas de Tv que adotaram esta pauta ou se transformaram em especialistas no assunto. Como pesquiso a customização e seus valores simbólicos e representações sociais na cultura contemporânea tenho visitado vários destes blogues e conversado com algumas meninas que enxergam no DIY vários ângulos :  uma maneira econômica -” é viver sem gastar muito”;  o retorno ao artezanal e principalmente a idéia personalização das roupas ( e de vários objetos ) . O DIY  dá aos seus adptos a sensação de participarem da cadeia produtiva , de serem consumidores mais reflexivos, ponderados e criativos.

Ainda volto a falar do assunto !

Mas antes disto um exemplo bacana de DIY ( ou do “Foi feito por mim”  – slogan da antiga versão da Revista Criativa que explorava exatamente o que hoje é o DIY)

E como o DIY não é só resultado, é importante que se veja e veicule as etapas de construção da idéia que toma corpo na peça finalizado . Afinal as etapas garentem a participação em todo o desenvolvimento do produto


Imagens : fashion.onblog.at

 

 

 

Quando falamos da moda como lógica, sistema e fenômeno é claro que a entendemos para além do limite das roupas e peças do vestuário . Por incrível que pareça ainda tem gente que acha que moda é uma coisa fútil e que por isso não merece atenção . Mas o curioso que que os porta-vozes deste discurso muitas vezes estão imersos na lógica da moda – são identificados por objetos que utilizam e no seu dia -a-dia trocam de aparelhos eletrônicos , consomem novos jogos, gadgets e tudo o mais achando que ilusoriamente isso não tem nada a ver com a moda .

Dá uma olhadinha na matéria aí :

http://www.olhardigital.com.br/embed/12424

Moda é atribuição de sentido ao que consumimos e nos dias de hoje queremos nos ver naquilo que levamos para casa . Pouco consumimos a materialidade mas muito carregamos do que o objeto significa Não basta que enxerguemos isso no produto mas agora, nossa vontade é caracterizar os objetos de nós mesmos – por isso a customização se faz tão presente no discurso contemporâneo.

Nas aulas de semiótica sempre discutimos os elementos de atração . Elementos que uma vez presentes na imagem conseguem atrair o consumidor, leitor. Os elementos de sedução são aqueles que conseguem atrair e momentaneamente romper a barreira da racionalização. Olhamos , nos sentimos atraídos sem , no entanto, sabermos se gostamos , para o que serve , se é bonito aquilo que estamos observando. Com forte relação com o elemento estético – imagens que tem seu maior vínculo com o leitor a partir de componentes ligados a cor , forma e textura  – os elementos de sedução conseguem driblar nossa irremediável tendência de explicar, organizar, encaixar – e durante alguns segundos somos mobilizados exatamente por não conseguirmos dar sentido ao que vemos . Segundos depois estabelecemos novos padrões racionais e completamos as sentenças . Mas esses instantes preciosos já cumpriram com o papel , tão , e cada vez mais raro , de reter nosso olhar !Marcador de livros da Kyovei Co. Ltda. do Japão explicita esta ideia do que nos chama a atenção – fazendo relação com sensações previamente conhecidas  – e que aos poucos vamos construindo a resposta para o que é o objeto , qual sua utilidade , se gostamos dele ou não.

Nas aulas de semiótica discutimos o tempo todo sobre as potencialidades da imagem e sobre as novas possibilidades aprsentadas pela sociedade contemporânea em termos de produção de sentido. Que tipo de referências utilizamos ? quais as citações que fazemos ? que sensações provocamos ? o humor , o non sense, a provocação vinda do mal acabamento ….

São novas maneiras de falar sobre as coisas que fazem com que o interpretante ( receptor , cliente , público-alvo) fique ligado na mensagem exatamente por estar recebendo uma informação, talvez já conhecida mas, de forma pouco ortodoxa!

Dêem uma olhada !

Além da assinatura de nomes expressivos no design a Melissa explora também auto referências – vamos chamar assim . Foi isso que os Irmãos Campana fizeram de maneira muito criativa e eu diria emocional. A Melissa Papel faz uma citação explícita a um dos materiais não só mais utilizados mas uma espécie de base de tudo e mais uma super tendência  de consumo . As peças e objetos de papel voltaram a ser vistas como novidade ainda mais tendo em pauta a questão da sustentabilidade ( veja alguns posts no tag papel) . O suporte dos suportes, o funcional,  o rústico e  finalmente cult –  papelão ondulado na versão Campana para Melissa.

A inspiração:

Genial não ??

Que a vida anda corrida todo mundo sabe. E que o tempo é uma convenção mas que passa de forma cada vez mais acelerada também conseguimos perceber. As tarefas se multiplicam e temos que dar conta de um número cada vez mais mirabolante de obrigações. A vida se refaz em senhas , códigos e sistemas de acesso . Entramos nos sites do trabalho , nas páginas dos bancos, na aulas on line e nas bibliotecas virtuais . Vivemos a simulação dos objetos através de sua imagem e sentimos sei lá mais o que através do que vemos postado por aí….e por que não por aqui …no blog

E sempre precisamos fazer coisas o que implica consumir coisas também. O ir e o vir, o fazer consumindo, o agir comprando ….Este é o supermercado virtual da TESCO – cadeia conhecida da Inglaterra e que disputa na Coreia o primeiro lugar da categoria e para alcançar esta meta é preciso estar em todos os lugares sem, no entanto, aumentar o número de lojas. MOMENTO ÚNICO NA HISTÓRIA : ESTAR EM TODOS OS LUGARES SEM ESTAR EM LUGAR ALGUM! A produção de de sentido de maneira tão variada recoloca a questão da simulação da realidade ! Nasce o mercado virtual no metrô – isso mesmo ! Você compra enquanto espera seu trem. O sistema é mais ou menos o seguinte : você escaneia o codigo de compra do produto que deseja e envia para seu carrinho de compras fecha o negócio e voila! a entrega é feita na no mesmo dia ! ( o cliente precisa de um smartphone o que na Coréia é brincadeirinha de criança – se aqui os adolescentes tem telefones bem mais sofisticados que o meu imagina por lá , né ?!!!!)

Para sacar melhor essa loucura dá uma olhada:

Um super excemplo daquilo que estudamos nas aulas de semiótica e chamamos de Narrativa Mítica aparece neste anúncio genial de cerveja. Nele passado ,presente e futuro são apresentados  de maneira lógica. Lógica ? Isso mesmo, a lógica pertence a organização interna do universo mítico e  a partir dela o mundo pode ser explicado e portanto compreendido – mesmo que fora dos padrões tradicionais. É uma das maneiras imemoriais de dar sentido ao que nos cerca. É preciso estar compartilhando deste pensamento para que suas etapas , divisões, explicações sejam alvo de crença, entendimento. A Narrativa Mítica é uma das mais potentes formas de comunicação na atualidade . No momento aonde somente a racionalidade do produto não atinge com tanta força o consumidor a linguagem mítica oferece a oportunidade de deixar com que uma viajem

 

seja feita. Assistir a uma propaganda requer inteligência, bom humor e mais : a exibição só termina quando o cliente preenche todas aslacunas do que está sendo visto.

 

Assistam e comentem. Muito bom mesmo!